Filho de Oduduia, rei de Ifé, Ogum tornou-se rei após
uma inexplicável cegueira que acometeu seu pai. Galante e namorador foi marido
de Iansã, Oxum e Obá, futuras esposas de Xangô. Durante seu reinado apossou-se
da cidade de Irê, matando o monarca e colocando seu filho no trono, voltou à
sua terra e durante anos reinou com tranquilidade.
Um dia resolveu voltar a Irê
para visitar o filho. Após uma longa viagem deparou-se, no entanto, com uma
cerimônia religiosa, muito conhecida na época, na qual se exigia que todos
mantivessem absoluto silêncio. Sem lembrar-se desse preceito, saiu pelas ruas
tentando falar com alguém sem obter nenhuma resposta. Com fome e sede, andou
irritado pela cidade sentindo-se desprezado. Em vários lugares encontrou vários
potes de vinho, mas ao abrí-los viu que estavam todos vazios. Isso o deixou
mais nervoso, então tirou a espada e começou a quebrar tudo que estava a sua
volta. Os habitantes, mesmo em silêncio, tentaram controlar sua fúria. Mas quem
segura a ira de Ogum? Todos foram degolados e quantos mais chegavam, mais
mortes ocorriam. A cidade cobriu-se de sangue e luto. Passada a cerimônia, veio
o filho e explicou-lhe o que havia ocorrido. Ninguém o desprezara, ali todos o
amavam, fora um mal entendido ocasionado pelo tabu religioso.
Ogum desgostoso
pelo que fizera chorou muito e arrependeu-se profundamente de haver matado
tantos súditos do reino. E tão ferido ficou com o acontecido que pegou sua
enorme espada e cravou-a no chão com imensa força. Ouviu-se um grande estrondo
e Ogum desapareceu nas entranhas da terra, tornando-se assim orixá.
Nenhum comentário:
Postar um comentário